Brasil é segundo maior criador de rãs do mundo
País só perde para Taiwan na ranicultura.
Mesmo assim, produção ainda é pequena.
O Brasil é o segundo maior criador de rãs do mundo. O primeiro é
Taiwan, mas existe uma diferença: na Ásia as criações são
semi-intensivas e as rãs ficam solltas, enquanto no Brasil os ranários
adotam o sistema de confinamento.
Apesar do segundo lugar no mundo, a produção brasileira ainda é
pequena. Alguns grupos de criadores brasileiros encaram o desafio da
criação de rãs, que já tem sua carne no cardápio de alguns restaurantes
do país.
No Rio de Janeiro, quatro tipos de pratos são servidos com a carne de
rã no estilo da comida chinesa. Segundo o dono do local, Alexandre
Peres, o quilo da carne de rã custa em média R$ 60: "Infelizmente, ainda
é um prato para poucos".
Os dados da produção de rãs ainda são imprecisos. O último levantamento
oficial do IBGE de 2016 fala em 160 toneladas ao ano, mas há quem diga
que esse número seja três vezes maior.
Em Cachoeiras de Macacu, município do Rio de Janeiro,
um criadouro de rãs lida com os desafios da produção. O desenvolvimento
das rãs depende muito do clima porque elas mudam a temperatura do corpo
de acordo com o ambiente, o que as torna muito sensíveis.
Não existe ração própria para rãs e por isso elas são alimentadas com
ração para peixes carnívoros. São consumidos quatro quilos de ração para
produzir um de carne.
De quinze em quinze dias, uma parte dos girinos é pesada para que o
cálculo da ração seja feito. Um tanque no local tem cerca de sete mil
girinos.
Eli Emanuel cria rãs desde a década de 90 e acredita que um tanque
escavado na terra gera economia de alimento: "É um tanque muito mais
rico de nutrientes e serve de alimento para eles. Por isso quando a
gente calcuca o alimento, usamos 3% do peso vivo. No tanque de cimento,
coloco 5%."
Com alimento e água de boa qualidade, os animais vão se transformando. A
rã atinge o ponto de abate com 250 gramas, o que pode demorar cerca de
oito meses.
O preço da rã abatida é de R$ 35 o quilo, mas o preço no mercado pode
chegar a R$ 60. "O grande problema é o que preço está muito associado à
ração. A gente não tem ração de qualidade disponível no mercado. Eu uso
uma das mais caras, mas ainda é uma ração de peixe", explica Eli.
Em 2015, ele produziu cerca de 9 toneladas da carne, mas a produção não é constante porque no inverno o animal não se reproduz.
No Brasil, escolheu-se reproduzir uma espécie de rã importada, chamada
Touro. Segundo a pesquisadora Silvia Melo, da Fiperj (Fundação Instituto
de Pesca do Rio de Janeiro), a espécie se adapta melhor ao cativeiro do
que a espécia nativa, a rã-pimenta. Ela coloca mais ovos e tem mais
filhotes.
Apesar disso, a reprodução da rã touro não é fácil. É preciso controle
de temperatura, umidade e de entrada de luz. Machos e fêmeas recebem
doses de hormônio para estimular a reprodução. Depois o sêmen e os
óvulos são extraídos, acrescenta-se água e mistura. Com o tempo a
mistura vira uma espécie de gelatina e o material vai para o tanque.
Na Fiperj também estão sendo estudados outros tipo de alimentação para substituir o milho usado na ração atualmente.
Para Silvia o problema da produção atualmente é que o volume da carne
comercializada é muito pequeno, o que encarece bastante o produto: "Se
tiver uma maior produção, esse preço certamente vai baixar no mercado e
vai ter mais gente consumindo. Mesmo assim, hoje toda carne é vendida".
Em 2016, a Embrapa
criou um site para divulgar informações sobre a ranicultura. E a Fiperj
também ajuda produtores a montar criadouros, entender a reprodução,
fazer o abate e vender a carne.
FONTE: Globo Rural